O
ensino pluriversitário é um contraponto, uma reformulação, por assim dizer, uma
recriação da universidade no Brasil. Este ensino aplica o conhecimento
transdisciplinar, extramuros, que obriga um diálogo ou confronto com outros
conhecimentos mais heterogéneos. Possuindo uma organização menos rígida e
hierárquica, nele a sociedade deixa de ser objeto
de estudo e se torna o próprio sujeito.
Grupos antes minoritários podem emergir e trazer consigo seus conhecimentos e
vivências, substituindo a unilateralidade pela interatividade, levando a uma
mudança criativa, democrática e emancipatória da universidade pública. Essa reformulação
deve responder positivamente às demandas sociais, pondo fim à exclusão de
grupos sociais e seus saberes.
A
reforma deve ser pautada em 5 áreas, quais sejam: acesso, extensão, pesquisa
ação, ecologia dos saberes, e universidade e escola pública.
O acesso deve ser focado na ampliação das ações afirmativas, dando voz a grupos
minoritários ao ensino universitário, lembrando que a discriminação racial ou étnica
muitas vezes vem acompanhada pela segregação de classe social.
A extensão
deve ter uma nova centralidade, com ações que visem uma participação ativa na coletividade,
com construção social, contra degradação do meio ambiente e em defesa da
diversidade cultural. Envolve, pois, a
prestação de serviços e leva ao apoio solidário na resolução de problemas.
A pesquisa-ação
traz à tona a responsabilidade coletiva da universidade, trazendo comunidades e
organizações sociais, tendo essa participação na definição e execução de
projetos dentro do campus. Os interesses sociais são entrelaçados aos
científicos e a produção do conhecimento advém desta relação.
A
ecologia dos saberes constitui-se uma inovação da universidade pós-colonial, e torna-se
um aprofundamento da pesquisa-ação onde emergem-se os saberes populares na
construção do ensino. Assim, é como se fosse o contrário da extensão, ou seja,
os saberes comunitários (leigos, populares, tradicionais, urbanos, camponeses,
indígenas) adentram à universidade, proporcionando diálogo entre estes e o
saber científico, com valorização dos conhecimentos práticos e das ciências. Tanto
a pesquisa-ação quanto a ecologia dos saberes encontram-se na busca por uma
reorientação solidária da relação universidade-sociedade.
Por fim
a universidade e escola pública, tema que abrange a produção e difusão do saber
pedagógico, a pesquisa educacional e a formação de docentes da escola pública, busca
a aproximação entre a universidade e a escola pública, com estabelecimento de
mecanismos de colaboração mútua a fim de reconstruir uma integração efetiva
entre a formação profissional e a prática do ensino.
A
Universidade Federal do Sul da Bahia traz em seu plano orientador a organização
e aplicação de uma universidade social, pluriversitária, que leva em
consideração os aspectos acima citados, fazendo da sociedade uma parte atuante
e integradora das práticas de ensino, valorizando os ensinamentos populares,
bem como atua na ampliação das ações afirmativas, com inclusão social.
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