quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O ensino pluriversitário e a UFSB


O ensino pluriversitário é um contraponto, uma reformulação, por assim dizer, uma recriação da universidade no Brasil. Este ensino aplica o conhecimento transdisciplinar, extramuros, que obriga um diálogo ou confronto com outros conhecimentos mais heterogéneos. Possuindo uma organização menos rígida e hierárquica, nele a sociedade deixa de ser objeto de estudo e se torna o próprio sujeito. Grupos antes minoritários podem emergir e trazer consigo seus conhecimentos e vivências, substituindo a unilateralidade pela interatividade, levando a uma mudança criativa, democrática e emancipatória da universidade pública. Essa reformulação deve responder positivamente às demandas sociais, pondo fim à exclusão de grupos sociais e seus saberes.
A reforma deve ser pautada em 5 áreas, quais sejam: acesso, extensão, pesquisa ação, ecologia dos saberes, e universidade e escola pública.
O acesso deve ser focado na ampliação das ações afirmativas, dando voz a grupos minoritários ao ensino universitário, lembrando que a discriminação racial ou étnica muitas vezes vem acompanhada pela segregação de classe social.
A extensão deve ter uma nova centralidade, com ações que visem uma participação ativa na coletividade, com construção social, contra degradação do meio ambiente e em defesa da diversidade cultural.  Envolve, pois, a prestação de serviços e leva ao apoio solidário na resolução de problemas.
A pesquisa-ação traz à tona a responsabilidade coletiva da universidade, trazendo comunidades e organizações sociais, tendo essa participação na definição e execução de projetos dentro do campus. Os interesses sociais são entrelaçados aos científicos e a produção do conhecimento advém desta relação.
A ecologia dos saberes constitui-se uma inovação da universidade pós-colonial, e torna-se um aprofundamento da pesquisa-ação onde emergem-se os saberes populares na construção do ensino. Assim, é como se fosse o contrário da extensão, ou seja, os saberes comunitários (leigos, populares, tradicionais, urbanos, camponeses, indígenas) adentram à universidade, proporcionando diálogo entre estes e o saber científico, com valorização dos conhecimentos práticos e das ciências. Tanto a pesquisa-ação quanto a ecologia dos saberes encontram-se na busca por uma reorientação solidária da relação universidade-sociedade.
Por fim a universidade e escola pública, tema que abrange a produção e difusão do saber pedagógico, a pesquisa educacional e a formação de docentes da escola pública, busca a aproximação entre a universidade e a escola pública, com estabelecimento de mecanismos de colaboração mútua a fim de reconstruir uma integração efetiva entre a formação profissional e a prática do ensino.
A Universidade Federal do Sul da Bahia traz em seu plano orientador a organização e aplicação de uma universidade social, pluriversitária, que leva em consideração os aspectos acima citados, fazendo da sociedade uma parte atuante e integradora das práticas de ensino, valorizando os ensinamentos populares, bem como atua na ampliação das ações afirmativas, com inclusão social.

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