quinta-feira, 7 de setembro de 2017

A evolução do Ensino Universitário


Quando observamos os modelos universitários presentes em nosso país, muitas vezes não paramos para pensar em como chegamos até aqui? Quais caminhos a educação trilhou para hoje termos a universidade como é compreendida no mundo ocidental e contemporâneo?
Vale lembrar que a universidade existe há muitos anos e que o modelo universitário presente no Brasil já passou por algumas fases de construção e remodelamento.
A universidade foi reinventada no mundo ocidental; usamos o termo “reinventada” pois já existiam no mundo outros expoentes que tiveram papel importante na construção dos ensinamentos, a exemplo a Biblioteca de Alexandria. Estima-se que esta tenha existido entre os anos 280 AC a 416 DC e se tornou, durante séculos, o maior patrimônio cultural e científico da humanidade na história antiga. Seu fim é revestido de lendas, porém sua existência deixou uma herança indelével, um exemplo a ser seguido, de busca do conhecimento e tolerância.
Dando continuidade, no que concerne à história antiga, na gênese da universidade, tivemos academias de pensadores que até hoje influenciam as universidades; dentre estas, podemos citar a Academia de Platão, destinada à formação política daqueles que nela ingressavam, e o Liceu, formado por Aristóteles, discípulo de Platão.
Entretanto, a universidade no mundo ocidental ganhou mais formas após a Universidade de Bolonha, na Itália, e posteriormente Oxford, na Inglaterra, ambas com estruturas de ensino semelhantes, e pouco depois surgiu a Universidade de Coimbra, que tem grande influência nas universidades brasileiras, visto que muitos de seus alunos influenciaram a fundação e formação das colônias portuguesas.
Quanto às reformas que as universidades passaram ao longo dos séculos, houve grande importância de diversos pensadores, dentre eles Kant, Humboldt, Cabanis e Flexner. Para Kant a universidade deveria deixar de obedecer aos princípios religiosos e se transformar em um espaço livre, com autonomia. Já Humboldt ratificou a proposta kantiana e consolidou superposição do governo institucional, com a repartição dos campos de conhecimento, promovendo uma gestão acadêmica dos conteúdos curriculares e integração do ensino superior como produção de conhecimento, criando assim universidade da pesquisa. Cabanis, por sua vez, atuou como reformulador do ensino superior e teve foco na educação médica; para ele as universidades devem ter autonomia nas disciplinas e cursos que ministrem. Já Flexner, que atuou na América do Norte,  preconizava uma estrutura curricular separada em ciclos, sendo o primeiro uma formação geral e o segundo o nível profissionalizante, trazendo novas recomendações ao ensino universitário, o que, posteriormente, foi transferido para a Europa.
Assim, a universidade passa a assumir seu papel no desenvolvimento econômico, cultural, social e político através da inovação tecnológica e cultural. Tais mudanças levaram à realização do Processo de Bolonha, que traçou um consenso entre as universidades ao redor do globo, visando à implantação de um ensino universitário comum entre as diversas nações.
Podemos observar traços destes pensadores na formação atual da universidade brasileira, onde há a busca pela pesquisa, a formação voltada para o fim mercadológico, porém começa-se uma ruptura da formação tradicional, onde o estudante já entra diretamente para o curso de formação profissionalizante, dentro de uma universidade bem dividida em departamento, para a adoção da estrutura de ciclos de formação, como é observado em algumas universidades federais mais recentes, a exemplo da Universidade Federal do Sul da Bahia.

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